O 53º Dia Mundial do Ambiente está a ser comemorado no meio de um planeta em dificuldades e de um ambiente em crise, que faz com que mais pessoas passam fome todos os dias devido às alterações climáticas, fruto de práticas insustentáveis por parte de nós, os habitantes deste planeta. É uma situação terrível e preocupante.
A atual crise alimentar é o resultado de muitos problemas, incluindo as alterações climáticas que afetam a agricultura, a falta de apoio aos pequenos agricultores e as desigualdades que impedem as pessoas de exercerem a sua autonomia. Alimentar o mundo não é uma responsabilidade fácil, mas, todos os dias, os pequenos agricultores continuam, apesar da pressão para alimentar a população crescente com recursos limitados, ao mesmo tempo que produzem alimentos em situações desafiantes. Os pequenos agricultores não se limitam a cultivar; nutrem a terra, posicionando-se como guardiões do conhecimento agrícola e do planeta. Investir no seu sucesso é uma obrigação moral e uma estratégia de sobrevivência sólida.
É imperativo investir na construção de resiliência e na adaptação às alterações climáticas. Isto não pode esperar. Investir em pequenos produtores alimentares é também vital para garantir um futuro com segurança alimentar. E a produção sustentável e biodiversa de alimentos é essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável e as metas climáticas. Isto também significa investir nos meios de subsistência dos homens e mulheres mais vulneráveis em todo o mundo.afirma Álvaro Lario, presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA)
Para erradicar a fome de forma sustentável, as pessoas devem unir-se para defender o seu direito a um ambiente saudável, que lhes permita produzir alimentos em harmonia com a natureza. As práticas agrícolas sustentáveis são uma resposta crucial para alcançar a segurança alimentar. Apelamos aos líderes mundiais para que cumpram os compromissos assumidos para proteger o ambiente, aumentar o apoio aos pequenos agricultores, reformar os direitos à terra das mulheres e dar prioridade à adopção da soberania alimentar.
Neste evento, partilhamos alguns dos exemplos que a ADPP Moçambique, membro da Humana People to People, está a realizar em conjunto com as comunidades locais para aumentar a resiliência agrícola às alterações climáticas e alcançar a autossuficiência, considerando que 80% da população de Moçambique vive da agricultura.
“O projecto de Redução da Pobreza e das Desigualdades Rurais no Distrito de Mocuba, Província da Zambézia (com o seu nome popular “Clubes de Agricultores” em Mocuba) o objetivo geral é aumentar a resiliência e melhorar os meios de subsistência dos pequenos agricultores do distrito de Mocuba. Os agricultores enfrentam desafios no acesso a infraestruturas para os mercados, combinados com um número crescente de desastres relacionados com o clima, como inundações, secas e ciclones – representando uma ameaça crescente aos seus meios de subsistência.
O projeto trabalha com 1.000 agricultores, organizados em 20 Clubes de Agricultores, garantindo que pelo menos 50% dos membros são mulheres e 5% são pessoas com deficiência, promovendo a inclusão.
Nos Clubes, os pequenos agricultores estão equipados com o conhecimento e as ferramentas para construir resiliência climática, melhorar a segurança alimentar, aumentar os rendimentos, fortalecer as iniciativas de saúde, cultivar alimentos biológicos e apoiar os agricultores na participação em questões cívicas que os afetam diariamente. O projeto capacita 1.000 pequenos agricultores em práticas agrícolas de conservação, nutrição, acesso aos mercados e educação financeira, ao mesmo tempo que introduz a irrigação com energia solar e aborda as barreiras de género.
O projeto dá prioridade à redução do risco de catástrofes através da partilha de informação em várias plataformas, incluindo grupos WhatsApp, para chegar aos pequenos agricultores e aumentar a sua preparação para reduzir o impacto das catástrofes naturais nos seus meios de subsistência.
O empoderamento contínuo das mulheres e das pessoas com deficiência, bem como o envolvimento dos jovens nas atividades do projeto através da participação ativa, contribuem para um desenvolvimento comunitário mais inclusivo. As estruturas estabelecidas dos Clubes de Agricultores irão garantir a continuidade das práticas agrícolas sustentáveis para capacitar os pequenos agricultores. Em 2024, o projeto chegou a mais de 5.000 pessoas no distrito de Mocuba.
Reconhecemos os desafios que os pequenos agricultores enfrentam para alimentar o mundo. Face às alterações climáticas, através de ligações interpessoais, de uma comunidade para outra, construímos juntos todos os dias com os pequenos agricultores para co-produzir conhecimento que inspire ações de segurança alimentar. O nosso objetivo é alimentar o mundo de forma transformadora, em harmonia com a natureza, e tornar a soberania alimentar uma realidade. A Humana People to People continua a valorizar o poder da ação local das próprias pessoas e da aprendizagem com as comunidades na linha da frente do desenvolvimento sustentável.